Medir a temperatura para detectar o coronavírus é eficaz?

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Com a flexibilização da quarentena, o uso de termômetros com sensor infravermelho para flagrar pacientes com Covid-19 se tornou comum em diversos locais como restaurantes, lojas e estabelecimentos públicos em geral.  Aquele termômetro digital com sensor infravermelho — que mede a temperatura de alguém ao ser apontado contra a sua testa — virou equipamento de trabalho comum dos seguranças que controlam a entrada de parques, mercados, lojas, escritórios etc. Com a reabertura do comércio e a flexibilização da quarentena, ele vem sendo usado como um instrumento para detectar indivíduos com coronavírus (Sars-CoV-2) que seguem circulando por aí. Mas essa é uma estratégia eficiente para frear a transmissão?

Especialistas indicam que a resposta para essa pergunta seria: Talvez. “Existe uma grande possibilidade de pessoas assintomáticas, pré-sintomáticas ou mesmo com outros sintomas, mas sem febre, entrarem no estabelecimento e o contaminarem”, destaca Sylvia Lemos Hinrichsen, infectologista consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

O método se baseia na experiência com epidemias anteriores, que foram disparadas por parentes do Sars-CoV-2. Entretanto, no caso do novo coronavírus, a febre não parece ser um sintoma  importante, mas nem sempre pode ser considerado como sintoma determinante. “Estudos já demonstraram que a temperatura acima de 38°C aparece em menos de metade das pessoas com Covid-19”, explica o infectologista Leonardo Weissmann, também da SBI.

Até pode ser que um episódio da doença seja descoberto na fila do mercado, servindo de motivo para uma visita ao médico. “Mas, de modo geral, isso não tem acontecido nos outros países.

Os estudos mostram que alguns casos são flagrados desse jeito”, mas nem todos.

Tanto que, por ora, não existe uma orientação oficial sobre essa medida em órgãos como o Ministério da Saúde. Em nota técnica, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não recomenda que o termômetro seja usado como parâmetro único de triagem de viajantes que chegam ao país. Ou seja, outros métodos devem e podem ser testados.

Vale ressaltar que o dispositivo em si, deve ser manuseado com perícia, seguindo as orientações do fabricante. Quanto mais distante o equipamento fica da testa, maior o risco de erro. Ah, é necessário que a lente ou o sensor estejam perpendiculares ao alvo — e devidamente limpos. Lembramos também que o termômetro infravermelho não afeta a glândula pineal
Ele pode até não ser a coisa mais importante para conter a Covid-19. Mas também não faz mal e diante de algo novo, toda e qualquer tentativa para coibir o avanço do vírus, é válida.

Recentemente, um boato nas redes sociais alegava que usar o termômetro infravermelho afetaria a glândula pineal, estrutura do cérebro responsável por secretar a melatonina, também chamada de hormônio do sono. Segundo essa notícia falsa, o cérebro todo estaria em risco.

Fique tranquilo: o laser do termômetro digital sequer penetra tão profundamente no corpo. “Trata-se de mais uma informação falsa. Por causa desse receio, há quem peça para que a temperatura seja verificada pelo pulso, o que também gera controvérsias.

Como poderia ser feita uma triagem adequada contra o coronavírus?
Estamos navegando por mares ainda desconhecidos, porém um rastreamento ideal provavelmente envolverá um conjunto de estratégias.
Isso porque a Covid-19 se manifesta de maneira diferentes entre as pessoas — apostar em só um parâmetro (temperatura, oxigenação do sangue, presença de tosse…) sempre envolverá um risco.

Uma possibilidade é aplicar questionários sobre alguns sintomas comuns, além da febre: tosse, dificuldade para respirar, dor no corpo, dor de garganta, diarreia, perda de paladar ou olfato, contato com casos suspeitos ou confirmados. Aliás, indivíduos com quadros assim sequer deveriam se expor, a não ser que seja para ir ao hospital ou para uma consulta.

Mais do que tudo, deve-se apostar em comunicação bem-feita e fiscalização das medidas de prevenção reconhecidas pela ciência: lavar as mãos com frequência, disponibilizar álcool em gel, limitar a circulação, proibir aglomerações, respeitar o distanciamento social e tornar obrigatório o uso de máscaras.

O termômetro pode ter sim uma grande utilidade, mas atuando sempre em conjunto com os protocolos já consagrados de prevenção da transmissão.

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